
Alunos de Serviço Social visitam Museu da Loucura e Hospital Psiquiátrico em Barbacena
sexta-feira, 01 de novembro de 2013.
Logo pela manhã, os alunos puderam conhecer um pouco sobre a
história da loucura vividamente retratada em quadros e artefatos expostos no
Museu da Loucura. Entre esses artefatos, os que mais chamaram a atenção foram
os instrumentos médicos para a realização da cirurgia de lobotomia e os
diversos aparelhos de eletroconvulsoterapia (eletrochoque).
A lobotomia foi uma técnica de neurocirurgia utilizada
durante muitos anos para acalmar os pacientes psiquiátricos mais agressivos,
mas, na maior parte dos casos, ela foi usada indiscriminadamente, tendo como
única função subtrair do sujeito a sua capacidade de expressividade emocional.
A técnica não é mais utilizada, pois seus efeitos são irreversíveis.
Já a eletroconvulsoterapia foi, em muitas ocasiões,
utilizada sem nenhuma sedação para coagir os pacientes, sendo aplicada naqueles
que apresentassem comportamentos agressivos ou em casos de crises psicóticas
agudas. Disso depreende-se que, assim, como ocorria nos casos de lobotomia, o
uso da eletroconvulsoterapia era generalizado e indiscriminado. A técnica
continua sendo utilizada, mas existem critérios para a sua utilização, como,
por exemplo, o uso de sedação e a aplicação em casos bastante específicos, como
os de depressão grave em que não há respostas positivas à medicação.
O Museu da Loucura encontra-se instalado nas dependências do
Hospital Psiquiátrico de Barbacena, antigo Hospital Colônia, local em que
ocorreram os episódios mais trágicos da história do tratamento do portador de
sofrimento mental no Brasil.
Segundo o Prof. Bruno Alvarenga Ribeiro, antes de a visita
acontecer, os alunos participaram de uma palestra com a coordenadora do museu,
quando tiveram contato com a história do Hospital Psiquiátrico de Barbacena e
puderam entender os motivos que levaram o governo de Minas Gerais a instalar,
na cidade de Barbacena, no ano de 1903, um hospital para o tratamento de
doentes mentais. Como Barbacena perdeu a eleição para sediar a capital do
Estado, como prêmio de consolação, recebeu do governo um Hospital Psiquiátrico
que foi instalado nas antigas dependências de um hospital para o tratamento de
tuberculosos e que recebia o nome de Hospital Colônia.
Depois da visita ao Museu da Loucura, que possibilitou aos
alunos tomarem conhecimento da história do tratamento dispensado aos portadores
de sofrimento mental no Brasil, os acadêmicos tiveram a oportunidade de
visitar, à tarde, o Hospital Psiquiátrico Judiciário Jorge Vaz (Manicômio
Judiciário). Nessa visita, conheceram
como é o trabalho de um assistente social em uma instituição psiquiátrica
ligada ao poder judiciário.
Os alunos entenderam que, embora, a instituição seja um
hospital psiquiátrico, ela está submetida à Secretaria de Defesa Social do
Estado de Minas Gerais. Isso ocorre porque os pacientes recolhidos em um
hospital psiquiátrico judiciário estão sob custódia, o que significa que estão
em tratamento, mas precisam ser mantidos presos por terem cometido algum tipo
de crime. Por serem portadores de
sofrimento mental grave, esses pacientes são absolvidos de suas penas.
Juridicamente, eles são considerados inimputáveis, ou seja, isentos de culpa em
função das condições motivadoras do crime, condições relacionadas com o
transtorno que apresentam.
Anualmente, os pacientes que estão sob custódia em hospitais
psiquiátricos judiciários têm sua sanidade avaliada e, se constatada a cessação
da periculosidade, eles podem retornar ao convívio social. Por estarem em
tratamento em uma instituição ligada ao poder judiciário, obedecem a uma rotina
muito semelhante à de qualquer presídio.
De acordo com o Prof. Bruno Alvarenga Ribeiro, “as visitas ao Museu da Loucura e Hospital
Psiquiátrico Judiciário Jorge Vaz proporcionaram fecundos momentos para a
produção de um conhecimento sólido a respeito da história de tratamento dos
doentes mentais no Brasil. E, sem o conhecimento dessa história, fica
inviabilizada, desde o início, qualquer luta que tente romper com as amarras
ideológicas que, por vezes, ainda rondam o tema do adoecimento mental. As
correntes dos doentes já foram quebradas, mas o que dizer das ideologias e
estigmas sociais? Ainda há muito a ser feito “, concluiu o professor.
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