
Curso de Arquitetura e Urbanismo promove atividade de integração
sexta-feira, 07 de abril de 2017.
O curso de Arquitetura e Urbanismo realizou, no dia 31 de março, no Multimeios, a atividade de integração “Cinematônica”, que integraliza cinema, arte, Arquitetura e alunos de diferentes períodos.
Participaram discentes do 1°, 3° e do 5° período. Inicialmente, foi exibido o documentário “O Sal da Terra”, que narra a trajetória profissional de Sebastião Salgado. Indicado ao Oscar de 2015, o filme é dirigido por Wim Wenders e Juliano Salgado.
A obra possui extrema relevância para os alunos de Arquitetura e Urbanismo. Além de ter a fotografia como foco, aborda a realidade mundial em relação às guerras, às diferentes culturas e às crenças.
Também mostra a questão ambiental por meio do impressionante trabalho do Instituto Terra, que foi idealizado por Lélia Deluiz Wanick Salgado e Sebastião Salgado, o qual recuperou a Mata Atlântica em uma fazenda no interior de Minas Gerais.
Após o documentário, formou-se uma roda de discussões, comandada pela coordenadora do curso, Profa. Ma. Marianna Costa Mattos, pelo Prof. Me. Cezar Augusto Silvino Figueredo e pela Profa. Ma. Aline Matos Leonel Assis. Eles correlacionaram as abordagens do filme com diversas abordagens atuais da Arquitetura e do Urbanismo.
A Profa. Ma. Marianna Costa Mattos destacou as principais abordagens do documentário e a particularidade de Sebastião Salgado em saber lidar com sociedades de diversas culturas e crenças.
“Esse fato denota claramente a relação do trabalho dele com o de um profissional de Arquitetura e Urbanismo, que deve saber se comunicar com todas as pessoas de uma sociedade, independentemente de seu nível social, cultural ou econômico”, apontou.
A Profa. Ma. Marianna Costa Mattos mencionou ainda o amor de Sebastião Salgado pela profissão, o que fez o fotógrafo ir além de sua formação acadêmica, ultrapassando seus próprios limites pessoais para se dedicar ao ofício que amava e o tornou reconhecido em todo o mundo. Ela ressaltou também a importância de os estudantes estarem sempre assistindo a filmes integrados ao universo da Arquitetura e do Urbanismo.
“Todos nós que trabalhamos com uma profissão tão generalista, que integra o conhecimento técnico com a arte de criar, devemos lidar diariamente com todos os tipos de arte. O cinema é o veículo mais compreensível, no que se refere às inspirações artísticas integradas com a realidade sociocultural, ambiental, política e econômica, possibilitando a inserção dessas transversalidades de ideias nos projetos desenvolvidos. Mas, para que seja possível entender a relevância e a contribuição do cinema para a profissão do arquiteto e urbanista, é preciso estar aberto a pensar criticamente sobre o enredo do filme, assistindo não somente como um mero espectador, mas principalmente como um formador de opinião”, destacou.
A Profa. Ma. Aline Matos Leonel Assis apresentou aos alunos um artigo sobre a relação do cinema com a Arquitetura e o Urbanismo, enfatizando os pontos cruciais do texto em relação ao trabalho do arquiteto e do urbanista. Ela argumentou que é de extrema relevância esses profissionais terem conhecimento sobre a realidade do mundo, em todos os aspectos, visto que a grande parte das catástrofes mundiais atinge diretamente as cidades, palco principal para os trabalhos deles.
Realidade
O Prof. Me. Cezar Augusto Silvino Figueredo apresentou um arquivo no datashow, ilustrando e fazendo analogias entre o documentário e a realidade. Ele salientou que o filme mostra claramente uma história real, na qual Sebastião Salgado exibe as estatísticas da época em relação às catástrofes humanas.
O professor fez uma comparação entre as estatísticas apresentadas no documentário com números do relatório da Organização das Nações Unidas (ONU). “Atualmente, são 65,3 milhões de refugiados no mundo; 960 milhões de pessoas vivendo em favelas, ou seja, um sexto do planeta atualmente reside em favelas; 2,4 milhões de pessoas não possuem acesso à água tratada, o que significa que um terço do planeta ingere água inadequada para o consumo humano. Apenas onze países não estão envolvidos em conflitos no mundo; em 2030 teremos produzido 40 bilhões de toneladas de lixo e não haverá espaço suficiente para esse lixo; 795 milhões de pessoas não têm acesso à comida. Imagine em 2030: quando não tivermos mais espaço para produzirmos comida. E 2030 é em menos de 15 anos!”, mencionou.
O Prof. Me. Cezar Augusto Silvino Figueredo e a Profa. Ma. Aline Matos Leonel Assis ressaltaram a importância de os alunos terem pleno conhecimento sobre essa realidade, já que a maior parte da extração dos recursos naturais do mundo advém do setor da construção civil. Eles argumentaram que é preciso que todos se responsabilizem pela diminuição dessas catástrofes que envolvem o direito aos recursos naturais e que geram impacto sobre toda a população mundial.
Os professores afirmaram ainda que é preciso pensar que a Arquitetura deve ser cada vez mais racionalizada, pensada no sentido de minimizar os desperdícios e diminuir os impactos ambientais e socioculturais.
O Prof. Me. Cezar Augusto Silvino Figueredo citou também o trabalho de Arquitetura e Urbanismo diretamente ligado às questões humanitárias. Ele participou do Architecture for Humanity – uma organização não governamental (ONG) de arquitetos que trabalham em regiões atingidas por catástrofes e na reconstrução pós-guerra.
Durante oito meses, auxiliou em um trabalho de levantamento sobre o estado de conservação de casas nos Andes, após o terremoto no Chile em 2010. Ele atuou na catalogação de patologias e dos sistemas de construção que foram afetados pelo tremor. Este é um exemplo da atuação do arquiteto e urbanista frente à realidade social apresentada no documentário da Cinematônica.
Resultado
De acordo com a coordenadora Profa. Ma. Marianna Costa Mattos, a atividade de integração foi bastante produtiva e possibilitou a expressão de ideias também por parte dos alunos. Ela contou que, durante as explanações dos professores, os estudantes puderam colocar seus pontos de vistas acerca das abordagens, enriquecendo ainda mais as ações.
A coordenadora comentou que a atividade de integração será realizada uma vez em cada semestre. Ela afirmou que os alunos se formarão com uma carga enorme de conhecimento técnico, artístico e cultural, ao assistirem, ao menos, dez filmes/documentários relevantes para a Arquitetura e o Urbanismo no decorrer do curso.