Elegia à Maria Aparecida Resende
terça-feira, 11 de setembro de 2007.Alta noite… Madrugada triste…
O Zéfiro da fugacidade
tangeu, no tempo, o dissipar
de um viver.
Uma notícia trouxe, de longe,
o silêncio de um corpo
e o esvair de uma alma.
Saudades apertaram-me o peito,
como um abraço-urso de um tempo audaz.
Desolados ficaram todos.
Vazia tronou-se a vida…
Assim, ceifou Deus,
uma perfeita Sílfide literária.
Perfeita porque tinha, consigo,
sabedoria, humildade, trabalho,
lutas e reconhecimento ao próximo.
Professora excelsa dos anos noventa.
Diva do saber, que soletrava dóceis palavras.
Mulher de fibra, sublimada pela elegância.
Como inesquecível astro, passou por nós,
iluminando nossas vidas, embelezando
nosso ser e magnificando nosso espírito…
Partiu rápido demais.
Sem dizer adeus, singrou, com recato,
para a Pasárgada celeste.
Penso que, às vezes, a encontrarei
em Andrômeda. Talvez, com exatidão,
fita-la-ei no Olimpo. Outrora,
ouvirei sua voz do Limbo…
Fiquei órfão de conhecimento. Não consigo,
sequer, ter um pensamento inédito.
Fui submetido num lago turvo,
onde meu eu se dissipou por completo.
Querida Resende, neste momento de desolação,
busco o caminho que me foge
e o Cirineu para amainar
esta perda que me fragiliza.
O chamado divino aconteceu,
e a Senhora adentrou à casa do Altíssimo.
Geraldo Adriano, formado em Letras, pelo UNIFOR-MG, professor de Língua e Literatura, em Arcos/MG.